Luiz Felipe Scolari está sozinho. Entre os oito técnicos da Copa das
Confederações, nenhum outro é adepto dos palavrões e xingamentos
“motivacionais” à beira de campo. Desta vez, o comandante da Seleção
Brasileira não poderá ter nem sequer o apoio das arquibancadas na hora
de fazer cobranças aos atletas. Tudo por causa de um dos itens do código
de conduta da Fifa, aceito por quem comprou ingressos para a
competição: quem xingar demais pode acabar expulso dos jogos.
O
texto diz que os torcedores não podem agir de maneira “provocativa,
ameaçadora, discriminatória ou ofensiva”, sob pena de acabarem retirados
dos assentos. Há chance, portanto, de as palavras “merda” e “cacete”,
costumeiramente proferidas por Felipão, ecoarem sem companhia nas
arquibancadas. “Em caso de incidentes graves, o torcedor será retirado
do estádio pela equipe de segurança”, informou a Fifa, por meio de
assessoria de imprensa. Palavrão até pode, desde que seja usado com
moderação.
Expulsar alguém será a última opção. A entidade
planeja resolver de forma amistosa o que chama de “situações
desagradáveis”, pois jamais precisou tomar a medida. O monitoramento
ficará a cargo dos stewards, agentes de segurança privada, posicionados
em frente às arquibancadas e nas escadas que dão acesso aos assentos. A
Polícia Militar só será acionada caso algum torcedor continue exaltado.
O
código de conduta está impresso no guia entregue junto dos ingressos.
Muitos torcedores, porém, não sabiam disso e demonstraram surpresa. “Eu
xingo até cobrança lateral”, brinca o estudante Jonas de Almeida, de 20
anos. “Você não quer ofender, tudo isso acontece no calor do jogo. Deixa
o povo xingar em paz”, clama. O amigo dele, Leandro Madeira, também 20,
faz coro: “Eu sou mais tranquilo, mas se o Brasil estiver perdendo, vou
acabar xingando. E se alguém reclamar de mim, vou pedir para vir xingar
comigo”, cobrou. A dupla já escolheu até mesmo o alvo favorito: o
atacante Neymar, que, na opinião deles, está “meio mole” ultimamente.
Adeus, compostura
Se
o apoio nas ofensas não vier das arquibancadas, Felipão ao menos poderá
contar com companhia dentro de campo. O técnico não deve ter o grupo
mais “boca suja” da história da Seleção Brasileira, mas boa parte do
time titular não poupa os palavrões no momento de cobrar os colegas.
Mesmo
comandado por Scolari, o grupo brasileiro perde para os rivais no
quesito “potencial de insulto”. “Incendiários” de verdade só existem
dois na Copa das Confederações: os atacantes Mario Balotelli, da Itália,
e Luis Suárez, do Uruguai. Que não sirvam de exemplo ao torcedor. E,
principalmente, não estejam na mira dos agentes de segurança dos
estádios.
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