O Estádio Mané Garrincha pode ser o primeiro do mundo a
ter a certificação máxima de edificações sustentáveis. O selo platinum
depende apenas da avaliação de técnicos do Green Building Council (US
GBC), organização criada para estimular projetos verdes em todo o mundo e
emitir a certificação dessas obras.
A expectativa é que a aprovação do selo seja divulgada
até o final do ano, disse Marcos Casado, diretor técnico e educacional
do GBC no Brasil. Ele destacou que os demais estádios cumprem requisitos
para o selo básico ou selo ouro. Assim que a obra do Mané Garrincha
estiver totalmente concluída e a documentação de auditoria for entregue,
a certificação poderá ser feita entre quatro e seis meses.
"Desde o início pensamos na possibilidade de uma
certificação de nível máximo, que inclui entre 80 e 100 pontos na lista
de procedimentos para essa meta", explicou Eduardo Castro Mello,
arquiteto responsável pela obra do Estádio Mané Garrincha.
O projeto, criticado por ter o mais alto custo entre os
estádios nacionais que abrigarão os jogos da Copa das Confederações de
2013 e da Copa do Mundo de 2014, deu prioridade à ventilação natural de
ambientes internos para reduzir uso de ar condicionado.
As obras do Mané Garrincha foram adequadas para captar e
reaproveitar a água de chuva que cai na cobertura do estádio e no
entorno, como nos estacionamentos. A água é direcionada para cinco
reservatórios de quase 8 milhões de litros que vão suprir a irrigação,
as descargas e a lavagem do piso. "A obra é cara porque é grande e
especial. Não tem desperdício. O importante é que foi projetada dentro
do princípio de sustentabilidade", disse o arquiteto. Ele ponderou que a
obra permitirá uma economia de R$ 7 milhões anuais em gasto com
manutenção.
Diante da expectativa de alto consumo de energia, os
projetistas propuseram a criação de uma usina de captação de energia
solar, a partir de 9,6 mil placas fotovoltaicas capazes de gerar mais de
2,5 megawatts, quantidade suficiente para abastecer 2 mil residências.
No entanto, a usina e o sistema de reaproveitamento de
água só começam a funcionar em julho, depois da Copa das Confederações. O
Distrito Federal ainda aguarda a certificação de outros 20 projetos
sustentáveis, entre eles o do Tribunal de Justiça, a nova sede do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e dois projetos
residenciais. Apenas um edifício em todo o Distrito Federal é
certificado pelo GBC (Venâncio Green Building).
O GBC analisa outros 700 projetos no país considerados
referências de edificações sustentáveis, entre elas, prédios comerciais
em São Paulo e o Hospital Albert Einstein. "As pessoas passam a
acreditar quando percebem o projeto funcionando. Primeiro questionam se
aquilo vai dar retorno. Isso está provocando uma mudança no setor",
avaliou Marcos Casado.
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